sexta-feira, 23 de abril de 2010

Necrotério

Credo, que título horrível para post!
Concordo, mas acho que tem um pouco a ver com meu humor e com o que vou publicar hoje, já que trouxe um texto ressuscitado do meu blog antigo...
Pois é, sinto informar que estou com um bloqueio criativo do tamanho do corcovado e nada do que eu tente parece mudar isso.
Portanto, trouxe um texto mais antiguinho, só para me sentir feliz em vê-lo publicado de novo e ver se com ele a pedra monumental em minha imaginação seja destruída logo. *-*

E... Eu já falei que estou odiando o layout do blog? Essa cor esta me dando vontade de vomitar, o verde está completamente perdido ali no meio e eu suponho que sei fazer algo mais decente do que esse banner no photoshop. Assim, quando eu montei realmente achei que estava bom, mas... Agora creio que fiquei olhando demais para ele e acabei enjoando.
E não... Eu não tenho TPM.
Quero dizer... Só estou um pouco irritadiça por conta de vestibular e seus afins. Nada que nenhuma garota de dezessete anos, com um medo doentio do cursinho, uma obsessão abusiva por uma boa cadeira em frente a um computador, uma falta de concentração assustadora e uma paranóia épica não tenha...
Não estou reclamando nem nada, é só que... MEU! Isso cansa! @_@
Pronto, falei!
Er... Quando eu voltar talvez esteja melhor. :P
Ai, provavelmente o blog estará de cara nova...
Provavelmente...

Hospício.

- Você deveria deixar de ser tão sonhadora! As coisas não funcionam assim. - Ela estava um pouco histérica, andando de um lado para o outro. - Quantas vezes terá que apanhar nessa vida para aprender que o mundo não é um conto de fadas?
Desviei meus olhos para a janela. A visão de seus passos para lá e para cá já estavam me enjoando. Ainda mais depois de receber o tempero de suas palavras; não havia nada mais grosseiro e nauseante.
- Não vai me dizer nada? - Ela insistiu, de forma que eu precisei tornar a olhá-la; mas tenho certeza de que meu olhar não demonstrava que eu estava pronta para ceder à sua histeria. - Vai continuar ai? Com esses olhos cheios de culpa e lágrimas?
- Não me sinto culpada. - retruquei com a minha primeira palavras desde que ela começou a despejar aquele sermão em mim. - Muito pelo contrário, faria tudo de novo.
- Faria tudo de novo? - Ela repetiu minhas palavras, que em sua boca me soaram um pouco terríveis demais.
- Não faria. - admiti, tornando a olhar pela janela. Era muito mais agradável olhar para a vastidão azul à ter que aguentar aquele corredor quente e cinzento no qual ela não parava de passear de um lado para o outro. - Mas eu tive que viver tudo isso! É através da experiência que aprendemos o que é certo e o que é errado. O que é bom, agradável e o que trás más consequências. Não me arrependo de nada!
- Existem pessoas mais velhas e mais experientes para te dizer o que dá e o que não dá certo. - Seu tom agora era ainda mais ríspido do que no início de toda a discussão. - Você não precisa ter que sofrer... Muito menos ficar feliz por sofrer!
- Olha ali. - Eu disse de repente, apontando para a janela semi-aberta, por onde pequenas faixas de sol penetravam. - O que você vê quando olha pra lá?
Ela arqueou as sobrancelhas, provavelmente achando que eu estava começando a ter alucinações. Mas não questionou o meu pedido e virou o rosto vagamente para a janela.
- Vejo um céu cinza, prédios que somem com o sol, pessoas extressadas andando pela rua xingando umas as outras, crianças pedindo dinheiro e morrendo de calor e fome. - respondeu-me ela, com uma voz carrancuda e o cenho franzido. - Por quê?
- Porque... - murmurei, me levantando finalmente e andando lentamente para janela, onde afastei mais um pouco a cortina. - Eu vejo um céu bem azul, com nuvens gigantescas e cheias de formas. Vejo prédios belíssimos e uma paisagem bem verde nos jardins e canteiros. Vejo pessoas se relacionando, cantarolando no volante, sorrindo umas para as outras, andando com seus filhos, ajudando os mais velhos. Veja! - apontei para uma curiosa cena na calçada. - Aquele mocinho está ajudando uma senhora a atravessar a rua! Ainda fazem essas coisas hoje em dia. - Sorri, apesar das lágrimas secas ainda me incomodarem.
- Você tem uma visão muito sonhadora das coisas. - Ela fechou a cortina bem na minha cara, agressivamente.
Eu sorri, apesar de sentir um nó horrível se formar na minha garganta.
- Se eu não tiver, quem terá por mim? - perguntei, com a voz branda, quase chorosa. Mas eu não ia chorar de novo. - Só temos uma vida e acho que isso já é um castigo muito grande. Por quê, então, eu iria ficar me martirizando com o lado negativo das coisas? De castigo já basta a insanidade que é viver. Deixe que o mundo reaja à suas próprias peças. Como dizem, a vida é uma peça de teatro onde tudo é improvisado... E ninguém sai vivo dela.
- Você fala coisas muito bonitas... mas acha que essas palavras vão secar as lágrimas que escorrem de seus olhos?
Desta vez eu senti uma felicidade enorme tomando conta de meu peito, meu sorriso foi tão espontâneo, que logo tornou-se gargalhada.
- Amigos! - exclamei, abrindo novamente a janela. - Eles me ajudam a enxugar as lágrimas.
- Não cansa de ser tão boa com as pessoas e receber tantas patadas?
- E quando eu estiver gélida e deitada na cama eterna? - murmurei em resposta. - Quanto tiver pútrida e sendo comida pelos vermes? De que vai adiantar minha impaciência para com as pessoas?
- E de que vai adiantar a sua paciência e bondade?
- Isso. - Levei minha mão ao peito, sentindo as lentas batidas de meu coração. - Isso, agora. Esse sentimento terá valido cada segundo.
- E se esse hospício em que vivemos te deixar louca também?
Desta vez apontei para as lágrimas em meu rosto:
- Você quer provas ainda maiores de minha loucura?
Ela deu de ombros, com um ar cansado.
Eu sorri, dando mais uma olhada em minha própria imagem no grande espelho que atravessava o corredor e ajeitando um pouco meu cabelo.
Era hora de começar o meu dia.

PS: Segundo desenho feito em três minutos, por favor, não reparem.
Beijinhos ;*

2 comentários:

Anônimo disse...

Belo texto. Lindo mesmo, embora eu tenha tido um pouco de dificuldade para compreendê-lo totalmente. Você parece ser uma pessoa um pouco àcida demais para se manter contato, mas vou continuar te observando. Mais um post bom, e eu te sigo.

Luiza de Freitas Nunes disse...

Ah e tem como esquecer de você?
Nunquinha.
Tentei acessar o Coold Letter inumeras vezes, mas estava bloqueado e seu perfil também não estava disponivel pra que eu te mandasse um email ou algo do tipo.
Que felicidade ver que você voltou!
Muito bom ter sua escrita de volta a bloguesfera, nem preciso dizer que já linkei e que te sigo novamente não é mesmo?
Prazer enorme ve-la novamente. E que dure BASTANTE!
Sucesso com o novo blog e eu estarei semrpe por aqui!

Um grande beijoo =*